Eduardo Fernandez; Eduardo Amorim. 2020. Guettarda divaricata (Rubiaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
A espécie não é endêmica do Brasil (Barbosa, 2020). No Brasil, apresenta distribuição: no estado de Roraima — nos municípios Amajari, Boa Vista e Bonfim.
Árvore de altura não registrada, não é endêmica do Brasil (Barbosa, 2020). Aqui, foi documentada em Floresta de Terra Firme associada à Amazônia presente no estado de Roraima, municípios de Amajari, Boa Vista e Bonfim. Apresenta distribuição conhecida restrita no Brasil, EOO=1155 km², AOO=24 km² e três situações de ameaça, considerando-se a incidência de vetores de pressão em distintas intensidades, frequência e cronologia. Apesar de ter sido registrada na Estação Ecológica de Maracá, grande parte de sua EOO sobrepõe a região de Boa Vista, capital do estado e origem de diversas ameaças aos ecossistemas da região, como desmatamento para expansão urbana, aumento na frequência e intensividade de incêndios e atividades agropecuárias. Mesmo dentro de áreas protegidas na Amazônia, há evidências constantes de atividades ilegais de grande impacto, principalmente supressão e degradação da vegetação (Kauano et al., 2017). Degradação florestal por conta da mineração também tem sido documentada de forma premente na Amazônia (Joly et al., 2019). Essas ameaças causam declínio contínuo em área, extensão e qualidade de habitat. Assim, diante deste cenário, G. divaricata é considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, garantia de proteção in situ das subpopulações situadas dentro de áreas protegidas) urgentes de modo a se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.
Descrita em: Publ. Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 7, 403, 1931.
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 7.1.1 Increase in fire frequency/intensity | habitat | present | regional | very high |
Silva-Junior et al. (2018) mostraram que a suscetibilidade da paisagem aos incêndios florestais aumenta no início do processo de desmatamento. Em geral, seus resultados reforçam a necessidade de garantir baixos níveis de fragmentação na Amazônia brasileira, a fim de evitar a degradação de suas florestas pelo fogo e as emissões de carbono relacionadas. A redução do passivo florestal decorrente da última modificação do Código Florestal aumenta a probabilidade de ocorrência de degradação florestal pelo fogo, uma vez que permite a existência de áreas com menos de 80% de cobertura florestal, contribuindo para a manutenção de altos níveis de fragmentação. Os mesmo autores prevêem que a degradação florestal por fogo continuará a aumentar na região, especialmente à luz do relaxamento da lei ambiental mencionada e seus efeitos sinérgicos com mudanças climáticas em curso. Tudo isso pode afetar os esforços para reduzir as emissões do desmatamento e da degradação florestal (REDD). Esses autores indicam que ações para prevenir e gerenciar incêndios florestais são necessárias, principalmente para as propriedades onde existem passivos florestais que são compensados em outras regiões.van Marle et al. (2017) mostraram que até 1987, relativamente poucos incêndios ocorreram na Amazônia e que as emissões de fogo aumentaram rapidamente durante os anos 90. Esses autores descobriram que esse padrão corrobora razoavelmente bem com os conjuntos de dados de perda florestal disponíveis, indicando que embora incêndios naturais possam ocorrer na Amazônia ocasionalmente, as atuais taxas de desmatamento e degradação, ampliadas desde os anos 90, foram a principal causa de aumento na frequência/intensidade dos incêndios nessa região. | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 5.3.2 Intentional use: large scale (species being assessed is the target) [harvest] | habitat | present | regional | high |
Registro constante de atividades ilegais de grande impacto desenvolvidas na maior parte das áreas protegidas da Amazônia foi desenvolvido por Kauano et al. (2017). Os autores encontraram 27 tipos de uso ilegal de recursos naturais que foram agrupados em 10 categorias de atividades ilegais. A maioria das infrações estava relacionada à supressão e degradação da vegetação (37,40%), seguida pela pesca ilegal (27,30%) e atividades de caça (18,20%). Esses resultados demonstram que, embora as APs sejam fundamentais para a conservação da natureza na Amazônia brasileira, as pressões e ameaças representadas pelas atividades humanas incluem uma ampla gama de usos ilegais de recursos naturais. A densidade populacional de até 50 km de uma AP é uma variável chave, influenciando atividades ilegais. Essas ameaças colocam em risco a conservação a longo prazo e ainda são necessários muitos esforços para manter os APs suficientemente grandes e intactos para manter as funções dos ecossistemas e proteger a biodiversidade. As recentes tendências à seca na Amazônia mostram algumas semelhanças com os modelos prjetados de computador, mas ainda não é possível atribuir esses eventos às mudanças climáticas antropogênicas. Embora a floresta possa ser resiliente a algum nível de seca ou outra mudança climática, os impactos adicionais do desmatamento e degradação podem reduzir essa resiliência (Betts et al., 2008). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 3.2 Mining & quarrying | habitat | present | regional | very high |
Na Amazônia, ocorre degradação florestal por conta da mineração (Joly et al., 2019). Desde a década de 1960, a expansão de estradas, barragens e grandes projetos de mineração levaram a um intenso processo de ocupação regional que já levou cerca de 20% das florestas originais associadas ao bioma Amazônia no Brasil, e causaram conflitos sociais recorrentes (Becker, 2004, Hecht, 2011, Silva, 2015, Souza et al., 2015). Em 2004, o desmatamento chegou a 27.772 km², o que levou o governo brasileiro a elaborar um plano de longo prazo para controlar o desmatamento e afastar a região do modelo de fronteira tradicional para um plano de desenvolvimento mais centrado na conservação (Hecht, 2011). Entre 2005 e 2015 a mineração representou 9% do desmatamento na floresta amazônica. Contudo, os impactos da atividade de mineração podem se estender até 70 km além dos limites de concessão da mina, aumentando significativamente a taxa de desmatamento por meio do estabelecimento de infraestrutura (para mineração e transporte) e expansão urbana (Sonter et al., 2017). Estudos recentes indicaram que 15% do bioma Amazônia está potencialmente ocupado por áreas de mineração, podendo chegar a 30% em áreas protegidas (Charity et al., 2016). De acordo com Veiga e Hinton (2002), as atividades de mineração artesanal também têm gerado um legado de extensa degradação ambiental, tanto durante as operações quanto após as atividades cessarem, sendo um dos impactos ambientais mais significativos derivado do uso de mercúrio no garimpo de ouro. | |||||
Referências:
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Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | on going |
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Estação Ecológica de Maracá. |
Uso | Proveniência | Recurso |
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17. Unknown | ||
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais. |